quarta-feira, 15 de abril de 2015

Editorial: Progressão na carreira sem deixar os bons laços interpessoais.

Um dos grandes desafios enfrentados pelos executivos é a transição para um cargo maior de Chefia, onde os pares (colegas de trabalho de mesma função) passam a ser seus subordinados. As relações interpessoais, se não forem bem estruturadas, acabam tornando-se empecilho ao bom desempenho corporativo. 
Para entender melhor como desenvolver uma boa transição e minimizar os atritos oriundos dessa nova fase profissional, trazemos um artigo publicado na Revista Você S/A, Ed. Abril/2015: 


"Em janeiro de 2015, quando recebeu a notícia de que seria promovido ao cargo de gerente comercial da empresa de auditoria Crowe Horwath, de São Paulo, o publicitário Juliano Esposto, de 30 anos, sabia que teria um grande desafio pela frente.
Além das novas responsabilidades que o cargo trazia, ele passaria a comandar uma equipe formada por pessoas que, até então, eram seus pares e, em muitos casos, amigos. 'A relação com meus colegas era muito próxima, a ponto de eu frequentar as festas de família de muitos deles', afirma Juliano.
Ao mudar de função, Juliano temia que a relação com seus amigos — e agora subordinados — ficasse prejudicada. 'Sabia que seria inevitável comparar minha postura antes e depois de me tornar chefe.' Assumir a chefia de uma equipe formada por amigos é um grande desafio, pois exige algumas mudanças significativas no relacionamento com os antigos colegas e agora subordinados.

Problemas ao longo dessa transição são naturais — medo de desagradar, uso inadequado de relações pessoais e favorecimentos são algumas das situações. Mas é possível contornar os obstáculos. No caso de Juliano, o caminho encontrado foi manter o diálogo aberto com a equipe. 'Quero que eles me falem se eu estiver errando a mão', diz. A seguir, algumas ações para lidar com seus amigos subordinados. 

Comunicação

Manter um diálogo aberto a críticas e sugestões da equipe é uma das principais orientações dos especialistas. 'A pessoa tem de mostrar que está mudando de cargo, e não de lado', afirma o consultor de gestão Ênio Klein, de São Paulo.
Uma comunicação eficiente ajuda o time a conhecer as regras e diminui os melindres na hora das cobranças. O ideal é que haja uma conversa logo de cara, em que fique decidido como as coisas vão funcionar. 'Sem critérios claros, ou a pessoa se torna muito frouxa, ou vira um carrasco', diz Ênio.

Estilo

Ao assumir um cargo de liderança, muita gente acha que deve agir de outra forma. isso é desnecessário. 'em vários casos, o executivo é promovido justamente por causa do perfil de liderança que já exercia sobre a equipe', diz Felipe Maluf, sócio da consultoria YCoach, de São Paulo.
Mantenha nos relacionamentos a mesma conduta que garantiu seu progresso. 'a única mudança deve ser o acréscimo de funções', diz Anderson Sant’Anna, do núcleo de desenvolvimento de liderança e pessoas da Fundação Dom Cabral, de Minas Gerais.

Respeito

Muitos se sentem desconfortáveis em manter relações mais próximas com a chefia. Respeite isso. esse estranhamento dura apenas um tempo. não tente obrigar ninguém a manter a mesma postura de antes.  'Alguns colegas se distanciaram no início', diz Erlon Lisboa, de 35 anos, que assumiu o cargo de gerente de auditoria e gestão de riscos da rede de lojas Marisa há dois anos.
Hoje, Erlon recuperou aos poucos a relação com seus antigos colegas. 'mostrei que as conversas do passado não seriam usadas contra ninguém', diz Erlon.

Vantagens

Liderar uma equipe composta de gente conhecida tem seus pontos positivos. um deles é que um gestor oriundo do time conhece bem as características de cada um e sabe o que esperar em várias situações.
A proximidade também faz com que o profissional entenda as aspirações de seus antigos colegas — fundamental para manter a equipe satisfeita. 'O executivo deve conectar os objetivos futuros dos profissionais às metas do departamento que gerenciará', diz Marcia Vespa, da Leme Consultoria, de São Paulo.

Igualdade

É natural que se tenha relacionamento mais próximo com algumas pessoas. Quando a relação é entre o gestor e um subordinado, porém, a amizade pode criar desconfortos.
Para evitar isso, Estabeleça critérios sobre assuntos polêmicos, como concessão de prêmios e folgas, e faça com que eles valham para todos. Se o falatório continuar, chame a equipe para uma conversa e encontre os pontos que podem estar desagradando.
Em último caso, adote uma saída drástica, como buscar a transferência do amigo para outro setor.

Expansão

Preservar as relações construídas é importante, mas a promoção também permite ampliar o relacionamento com outras pessoas, porque,  depois disso, algumas confidências não podem ser feitas aos antigos colegas, como questões mais estratégicas. mas não há mal em debater com alguns de seus novos pares ou superiores.
Será natural que a relação com essas pessoas se torne mais estreita. Mas aqui também vale o conselho de não forçar a amizade. deixe que esses laços se estabeleçam naturalmente.

Exemplos

'Os líderes mais velhos já passaram por esse tipo de dilema', afirma Felipe, da YCoach. A observação pode mostrar que posturas seguir e quais evitar. o exemplo também pode vir de alguma experiência pessoal.
A supervisora de logística de uma empresa de serviços de saúde Samantha Troiano, de 32 anos, passou por isso. Antes de assumir seu cargo atual, ela já havia feito parte de uma equipe comandada por um colega. 'No caso dele, o cargo subiu à cabeça e a experiência foi ruim”, diz. “mas Foi bom ter vivido isso para não fazer igual'.”

O importante mesmo é desenvolver um bom trabalho, em qualquer cargo que você estiver, pois o seu trabalho valerá muito para uma possível promoção. E, se você tiver boas relações, seus amigos irão torcer por você e ficarão felizes em trabalhar ao seu lado, como seus colaboradores. 

Um abraço!

A Autora.

Fonte: Artigo publicado por Gabriel Ferreira, para o site Você S/A, ed. Abril/2015: http://exame.abril.com.br/revista-voce-sa/edicoes/201/noticias/virou-chefe-do-seu-amigo-veja-o-que-fazer. Acesso em 15/04/2015.

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