O Final do ano chegou e com ele os planos para a carreira.
E com o atual cenário político e econômico, precisamos ter bastante atenção com os planos a curto e médio prazo, pois as mudanças são imediatas e imprevisíveis.
O editorial abaixo fala sobre planejamento de carreira e os passos para realizar esse planejamento:
"Você vai ao médico uma vez ao ano, ou deixa para correr ao
hospital quando algum problema aparece? Vai ao dentista com frequência, ou
espera a dor de dente chegar? Por mais que a gente saiba que o melhor é
prevenir, muitos de nós só tomamos uma atitude ao levar um susto. E esse
raciocínio é o mesmo para nossa carreira. Correndo contra o tempo para bater
metas e cumprir tarefas do dia a dia, ligamos o piloto automático e trabalhamos
sem fazer uma autoavaliação, checar nosso desempenho e pensar sobre o que
queremos do futuro. Por isso, é comum que pensemos sobre o assunto apenas
depois de um baque, como a demissão. Mas esperar para fazer o check-up
profissional como uma medida de emergência é uma atitude perigosa. O ideal é
pensar sobre o assunto com frequência para não ser surpreendido nem perder
oportunidades.
É justamente para isso que serve o check-up de carreira. A
ferramenta tem ganhado a atenção de funcionários que querem rever seus planos e
avaliar como andam suas competências, seja para manter o emprego, seja para se
recolocar no mercado. "O check-up previdente ajuda a enfrentar transições
e a se dar bem em períodos de instabilidade", diz José Augusto Minarelli,
diretor executivo da Lens & Minarelli, consultoria de transição de
carreira, de São Paulo. A ideia é que o profissional examine seu desempenho e,
uma vez detectados problemas, crie um plano de ação para corrigi-los,
aprimorando o que for necessário. Como resultado, ele reduz as chances de
desligamento e aumenta a própria empregabilidade. Claro que, em muitos casos, é
necessário usar o check-up como remédio para resolver situações críticas.
- · Faça você mesmo
Contar com o auxílio de uma consultoria especializada ajuda,
mas é possível fazer essa reflexão sem contratar ninguém. O importante é estar
preparado para olhar de frente os próprios fantasmas e desarmado para encarar
um diagnóstico ruim. É preciso se livrar do que Sergio Chnee, coach de São
Paulo, batizou de "Síndrome de Gabriela". Ou seja, não cair na cilada
de que nasceu assim, cresceu assim e será sempre assim - em referência à música
que eternizou a personagem de Jorge Amado. "Se a pessoa tiver essa
mentalidade, o check-up não vai funcionar", diz Sergio, que lançará, em
outubro, o livro Check-up de Carreira (Évora). Ou seja, para que o processo dê
certo, é necessário se desapegar do passado. "A experiência de ontem não
vai abrir portas hoje se não houver planejamento."
Para desenhar o futuro da sua carreira, o primeiro passo é
estruturar um plano de longo prazo que esteja alinhado aos seus interesses
pessoais e profissionais. Vale pensar, por exemplo, no que motiva (ou
motivaria) você a ir trabalhar todos os dias, no que acaba com o seu entusiasmo
e de que tipo de empresa (ou negócio) você se vê fazendo parte.
"A ferramenta de check-up é extraordinária quando há um
projeto para o futuro", diz João Baptista Brandão, professor da Fundação
Getulio Vargas, especialista em liderança e gestão de pessoas, de São Paulo.
Afinal, apenas quem sabe aonde quer chegar é capaz de avaliar se está subindo
os degraus certos e com a velocidade desejada, o que falta para chegar lá e o
que ainda precisa ser aprimorado. Quem está ao léu, sem propósito algum,
dificilmente será o protagonista da própria carreira.
Com esse projeto já em mãos, investigue o segmento que mais
atrai seu interesse. O que os melhores profissionais da área têm? Quais são as
competências mais valorizadas? Como é a cultura das empresas em que você quer
trabalhar? O que é preciso fazer para trabalhar suas limitações? Hoje, não é
difícil encontrar essas informações. "Há cursos online em universidades
renomadas, blogs de especialistas com ótimas referências, redes sociais e sites
de empresas cheios de informações", diz José Augusto Minarelli.
- · Contatos selecionados
Faz parte desse processo de revisão de carreira, também,
eleger pessoas interessantes como mentoras. Para selecioná-las, pense nos três
especialistas que você mais admira e respeita. "Quando questiono meus
clientes sobre isso, eles dizem: "Fulano, beltrano e sicrano. Todos
inacessíveis". E eu pergunto: são inacessíveis mesmo? Já tentou contato
com eles?", diz Sergio. Segundo o coach, muitos dos mestres estão ávidos
por dar conselhos e gostam de ser procurados por gente jovem interessada em
desenvolver sua trajetória. "Eu tive um cliente, por exemplo, que estava
iniciando um projeto na área de educação e decidiu ir atrás de um dos papas da
área. É um senhor de 80 anos, totalmente aberto, que está achando
divertidíssimo compartilhar seu conhecimento com um jovem cheio de vontade.
Muita gente perde esse tipo de oportunidade por medo de tentar", diz
Sergio.
Essa, aliás, é uma boa maneira de aumentar sua rede de
contatos. Eles serão essenciais no momento em que estiver examinando a
carreira, pois é com as pessoas que você conhece - e confiam no seu trabalho -
que poderá conversar sobre aspirações, dividir dúvidas, pedir conselhos e,
claro, conhecer outros profissionais que podem ser importantes para ajudá-lo em
uma possível mudança de rumo. "Se você cultivar dez bons contatos, na
verdade sua rede será de cem, porque cada um deles multiplicará suas
possibilidades", diz João.
- · Plano de ação
É importante ressaltar ainda que o check-up só dá certo
quando resulta em um plano de ação estruturado. É necessário registrar os
pontos mais relevantes da revisão, como o objetivo final a ser alcançado, o
prazo para chegar até a meta, as competências a serem aprimoradas e o que fazer
para conquistá-las. E, para que o trajeto fique mais claro, anote as suas
intenções. "Na cabeça, as ideias se perdem. No papel, é possível consultar
metas e promover ajustes quando preciso", afirma João.
Ao formalizar quais passos devem ser dados para conquistar
aquilo que se deseja, o profissional consegue perceber no que exatamente precisa
investir - como um curso específico ou uma mudança de cidade. Por isso, quem
está com a conta bancária em ordem e possui reservas tem mais margem de manobra
e se sente mais seguro na hora de colocar seu plano em prática. "Sugiro
guardar no mínimo 10% do que se ganha. Quem não tem um fundo para contingências
fica numa situação muito difícil nos meses de transição", diz José
Augusto. Se poupar o salário for muito difícil, poupe o dinheiro extra.
"Guarde parte do décimo terceiro, do bônus, das férias", diz o
professor da FGV.
- · Check-up passo a passo*
As questões abaixo, se respondidas com sinceridade, vão
ajudar você a pensar sobre seus objetivos de longo prazo e a criar um plano de
ação para a sua carreira. Procure registrar as respostas na agenda, no computador
ou no celular, tanto faz.
Etapa 1: Interesses e objetivos
a) Se eu tivesse oportunidade, trocaria de profissão ou de
ocupação?
b) O que eu gostaria de fazer? Por quê?
c) Qual é meu sonho profissional? O que falta para chegar
lá?
Plano de ação: avaliar o grau de satisfação com o trabalho e
criar um projeto de médio ou longo prazo. Por exemplo: "Quero ser diretor
da empresa em que trabalho; meu objetivo é ir para a atividade
acadêmica...". Crie metas alinhadas à sua vocação e elenque o que terá de
fazer para atingi-las.
Etapa 2: Performance profissional
a) Em que sou realmente bom?
b) Propus inovações ou contribuí significativamente na minha
empresa?
c) Posso desempenhar outra função?
Plano de ação: você precisa diagnosticar tendências no
mercado (quais são as competências técnicas e comportamentais mais desejadas na
sua área) e planejar sua atualização profissional. Deve elevar ainda seu nível
de cultura geral, conhecer novos recursos tecnológicos e diversificar fontes de
acesso à informação.
Etapa 3: Vida financeira
a) Tenho reserva financeira de contingência?
b) Se perder o emprego, quantos meses eu conseguiria viver
só de minhas economias?
c) Há renda extra? Qual é o valor dela?
Plano de ação: o primeiro passo é mapear receitas, cortar
gastos e passar a poupar no mínimo 10% dos rendimentos para emergências.
Pesquisar e fazer investimentos produtivos faz parte do pacote, assim como
buscar atividade extra remunerada, que não o sobrecarregue. Mas crie um plano
B.
Etapa 4: Networking
a) Minha rede de contatos é ampla?
b) De que maneira cultivo relacionamentos? Visito, telefono,
escrevo?
c) Registro e organizo os meus contatos e encontros?
Plano de ação: aqui, é muito importante revisar e aprender
procedimentos de networking. Resgate cartões e e-mails e registre seus
relacionamentos, particularmente os mais interessantes. Tenha como meta
reservar alguns minutos do dia para conversar de maneira descontraída com as
pessoas.”
Por isso, o quanto antes fizermos esse planejamento, melhor para a nossa saúde financeira.
Até mais!
A Autora.
Fonte: Artigo publicado na Revista Você S/A, Setembro 2016: http://vocesa.uol.com.br/noticias/carreira/a-importancia-de-fazer-uma-revisao-de-carreira.phtml#.WFE157IrLDc.
Acesso em 14/12/2016.
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