quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Editorial: Mais de 100 dias em home office

 Amigos leitores,

Já se passaram mais de 100 dias do Isolamento Social e para nós, que ainda estamos trabalhado home office , durante esse período muitas análises puderam ser feitas a respeito da nossa adaptação com essa nova modalidade de trabalho. Os desafios da nova rotina de trabalho, a ansiedade causada pela ideia de que não podemos sair a menos que seja algo necessário e lidar com filhos pequenos (eu, no caso, que tenho uma filha de 2 anos e meio!) é desafiador e, ao mesmo tempo, enriquecedor.



Durante esse período podemos refletir sobre o que realmente importa pra nós, em relação àquela rotina que tínhamos, a qual constantemente nos convencíamos de que "não tínhamos tempo", hoje analiso que, na verdade, não havia uma gestão eficiente do tempo, pois, falando por mim,  eu dedicava muito tempo em coisas que não agregavam valor a minha vida pessoal (e vice-versa com a vida profissional) e também percebi que o grande vilão causador do meu estresse era o trânsito que eu pegava para me deslocar para o local de trabalho e de volta pra casa. Sem esse deslocamento, minha qualidade de vida melhorou muito e também minha alimentação, pois antes almoçava em restaurantes ou levava almoço (que me faziam ter a ilusão que eu tinha mais tempo, mas na verdade tinha era menos tempo) e isso, agregado ao sedentarismo por não ter tempo para atividades físicas, me deixavam com cansaço físico e mental.

Mas agora decidi que, quando voltar a minha rotina no escritório, tomarei outras atitudes para beneficiar minha vida pessoal e profissional.

O texto a seguir traz as reflexões de uma especialista da "The School of life", em artigo para a revista Você S/A:

"É como se tivéssemos levado um chacoalhão da vida e da natureza e, trancados entre quatro paredes, tivemos que encarar tudo aquilo que sistematicamente ignoramos nos últimos tempos. Entre tudo o que vínhamos deixando de lado está a pergunta: “o que você ama fazer?”. Esta reflexão tem muito a ver com a carreira dos profissionais em geral, refletindo diretamente nos resultados e no clima organizacional de empresas de todos os portes e segmentos.

A necessidade de nos sentirmos conectados com o trabalho que realizamos é algo bastante recente. Na maior parte da história, a humanidade nunca trabalhou por prazer ou propósito. Éramos cultivadores de terra, recolhendo feno e tosquiando ovelhas. Aqueles, cujos pais eram padeiros ou açougueiros, já estavam com seus destinos profissionais praticamente desenhados. A única razão para se trabalhar era o dinheiro como forma de sobrevivência. Nos tempos modernos, do qual fazemos parte, desde a Revolução Industrial ansiamos por trabalhos que sejam significativos. Passamos a construir as nossas vidas profissionais a partir dos nossos interesses e das nossas paixões. O trabalho ganhou status de satisfação pessoal e propósito, ganhando significativo espaço no nosso dia a dia. Afinal, como escreveu o filósofo Friedrich Nietzsche, o significado da nossa vida é: “nos tornarmos quem realmente somos”.

Na The School of Life acreditamos que três fatores garantem significado a um trabalho: ter afinidade com um dos nossos talentos; ajudar algo ou alguém, em pequena ou grande escala; e gerar impacto em outras pessoas, na sociedade, no país ou no planeta. Isso nos permite supor que nem sempre um desconforto no trabalho precisa ser resolvido com um pedido de demissão. Talvez, uma sensação de tédio ou de esgotamento possa ser resolvida com um exercício de se conhecer melhor e se analisar pacientemente para se reconectar com valores básicos que permitam a essa pessoa encontrar um propósito no trabalho que executa hoje. As pessoas sempre trabalharão mais e melhor quando o lado pessoal estiver engajado, ou seja, quando encontrarem um trabalho para amar, ainda que em seu pacote – misturado aos aspectos positivos – tenham situações decepcionantes, complicadas e desafiadoras. Mas, para alcançar esse entendimento, é importante refletirmos mais sobre o motivo que torna o nosso trabalho importante, quais são nossas motivações e os nossos valores, qual é o nosso lugar na organização na qual atuamos e como criar um plano para ampliar a nossa noção mais profunda de propósito.

Não se prive desse entendimento a respeito de você mesmo, principalmente no momento em que estamos vivendo. Como disse Alain de Botton, filósofo, escritor e fundador da The School of Life: “As pessoas só ficam realmente interessantes quando começam a sacudir as grades de suas gaiolas”. Eu, sinceramente, não consigo pensar em um ano que nos tenha exigido mais sobre este discernimento em saber o que queremos amar, com o que nos importar e como usar melhor o nosso tempo. Seja para os negócios ou para a vida, é sempre importante sabermos o que desejamos."


Um conselho: Faça você também essas reflexões e crie um planejamento de novas atitudes a serem tomadas quando tudo voltar ao "normal".


Até mais!


A Autora

Fonte: Artigo publicado pela Revista Você S/A, edição de Agosto/2020: https://vocesa.abril.com.br/blog/jackie-de-botton/voce-sabe-mesmo-o-que-ama-fazer/. Acesso em 12/08/2020.

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