Seja como colaborador ou como líder de equipe, precisamos entender que as relações entre líder e liderados muitas vezes passa a sensação de "amizade". Essa postura muitas vezes é importante para manter a boa relação interpessoal e facilitar as ações de motivação entre os colegas corporativos.
Porém, alguns feedbacks são vistos como "ofensa" ou "perseguição" e nesse momento precisamos saber lidar com a situação.
O texto abaixo fala justamente dessa questão:
"Caros executivos,
Qualquer um na sua
posição tem pavor da expressão “é pessoal”. E com razão. No ambiente
profissional, espera-se que o colaborador entenda que as decisões tomadas para
o crescimento e desenvolvimento da empresa sejam meramente ferramentas e não
devem gerar descontrole emocional do ego. Essa regra de etiqueta é bem
conhecida de quem atua no ambiente corporativo. Mas alguém a segue cem por
cento? Acredito que não, não é mesmo? Atenção ao paradoxo: tudo, mas tudo
mesmo, é pessoal. E nada é.
Queridos colaboradores,
Tudo é pessoal
porque a empresa não é um polvo desgovernado com tentáculos movido à vontade
própria. A empresa não existe. A empresa são vocês. Vocês e seus líderes criam,
juntos, um produto ou serviço, e não a “área de Novos Negócios”. No dia a dia,
porém, nos parece que esse gigante zumbi é apenas uma máquina que trabalha para
alimentar a si própria escravizando pessoas. Quantos colegas você já ouviu
dizerem “vou sair do mundo corporativo, não aguento mais”?
Líderes e
liderados,
Essa entidade, a empresa,
é uma invenção nossa, que só serve para tirar a responsabilidade pelos nossos
atos. Mas são pessoas que tomam decisões que impactam em pessoas. “Não queria
fazer isso, mas a empresa precisa crescer”. Sinto muito, é pessoal sim.
Agora, dizer que uma
decisão é pessoal não significa dizer que ela gira em volta do seu umbigo, caro
profissional. Se a empresa resolveu extinguir um departamento todo para cortar
custos e demitiu você, é pessoal para você, sim, só que, para a empresa, é uma
decisão estratégica e necessária. O que isto significa? Que a alta hierarquia
desse grupo de pessoas decidiu eliminar algumas pessoas, pelo bem das demais.
Quando você, líder,
diz que “não é pessoal”, espera-se que a politicagem, as traições, as invejas e
outras questões mais baixas da natureza humana sejam deixadas de lado. Contudo,
para ser sincera, nenhum ambiente corporativo está totalmente livre delas.
Nesses casos, o discurso “não é pessoal” acaba sendo o da pior espécie.
Nada deve ser
pessoal, e remar nesse sentido pode parecer difícil, pois todos temos nossas
afinidades. Por isso, o desafio é tornar as coisas pessoais, priorizando sempre
o coletivo. Infelizmente, aqui no Brasil, é muito difícil as pessoas enxergarem
o todo, pois somos ensinados desde pequenos a pensar em nós mesmos ao invés do
contexto.
O que você,
colaborador, deve fazer, é se ofender menos. Nem tudo no mundo foi feito para
irritá-lo ou chateá-lo. Cresça e aceite que a vida às vezes tem situações
difíceis e aprenda a lidar bem com elas. Esse é o profissional que todo o grupo
de pessoas quer.
Entendendo essas
verdades tão óbvias, não há mais espaço para um departamento de RH burocrático,
não há mais espaço para uma área de gente. A área de gente é a empresa toda. A
área que cuida de gente tem que ser a empresa toda. Há que se criar uma área de
educação, que é hoje o coitadinho do treinamento e desenvolvimento que vive
espremido entre um RH burocrático e uma presidência que corta “custos”.
Até que as
faculdades e escolas de negócios incluam gestão de pessoas em todos os cursos,
caberá aos líderes começar do zero e ensinar a seu grupo de pessoas como tratar
uns aos outros para que as habilidades comportamentais facilitem a decolagem de
uma empresa. Caberá também aos liderados investir no desenvolvimento de sua
inteligência emocional para que se torne relevante o suficiente para entender e
colaborar com o macro ambiente.
Aos líderes, deixo
a dica de que uma empresa verdadeiramente pessoal é aquela que entende que
trabalha com pessoas, que pessoas têm necessidades, têm outros compromissos,
têm família, têm vida e ainda assim, olha só, querem trabalhar com vocês. É só
vocês tornarem isso possível.
Não vou citar os
tão falados escritórios coloridos e cheios de amenidades do Google, Facebook e
afins. Eles servem ao seu público com muita eficiência (frequentemente aparecem
na lista de empresas mais admiradas). Acontece que nem todo mundo tem esse
perfil. Há profissionais que querem trabalhar de terno, que querem dizer que
não têm tempo para nada.
São pessoas. Não há
unanimidade.
Esqueça a pesquisa
de clima. Levante de sua cadeira, converse com as pessoas, abra canais
alternativos, se aproxime de seus braços e mantenha a cabeça de todos olhando
para meta. Se eles se distraem com estresse e politicagem, volte o foco para o
coletivo incessantemente. A era escravidão corporativa à empresa
cavaleiro-sem-cabeça acabou. "
Então, precisamos estar atentos às situações e refletir sobre os feedbacks que recebemos.
Até mais!
A autora
Fonte: Artigo publicado por Adriana Gattermayr, CEO da Gattermayr Consulting, na Revista Você S/A, Ed.Setembro/2016: http://vocesa.uol.com.br/noticias/carreira/nao-e-pessoal-uma-carta-a-lideres-e-liderados.phtml#.WAp5BvkrLDc. Acesso em 21/10/2016.
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